16 de outubro de 2010

O tempo


O ponteiro do relógio fixava exatamente no mesmo número todos os dias.
Era em cima do numero cinco em algarismo romano.



Hoje, ontem e antes ontem, e antes de antes ontem também.
Eu parecia o mesmo cuco maluco!
Cuco - cuuuco-cuccccccccoooooooooooo!
Nada mudava de lugar.

A roupa no mesmo cabide, de madeira enferrujado.
No chão a marca dos móveis.
No chão a marca das pegadas, a mesmas pra cá e acolá.
O mesmo cheiro, o mesmo gosto, o mesmo rosto sem gosto.
A mesma paranóia.
A mesmice sempre.

A janela do apartamento era a única que estava diferente, o que diferenciava eram as cores lá fora.

O prédio grande de fora mudara de cor a cada ano.

Já foi laranja, do laranja passou para o alaranjado, do alaranjado radicalizaram e pintar de verde-bandeira um tom bem vivo.

Pensei radical. RA-DI-CA-LI-ZAR.

E o cuco não parava, marcava cada hora – Cuco, cuco, cuco.

Esse som me atormentava.
Pois a cada instante corriam mais as horas.
E cada vez mais, não é por nada que até ontem era Natal, e hoje já estamos em setembro de 2010.

E...

2011 está por vir, e em sequência 2012... E por diante.
Medo, medo da dor, da morte, da vida.
Afinal qual é o propósito de estar aqui?

Preciso iniciar do principio, primeiramente iniciarei do tom laranja, para depois passar para o alaranjado, e do alaranjado passar pro verde-bandeira, e do verde-bandeira quero partir para o amarelo, amarelo-manga, tons vermelhos e amarelos em mistura.

Ah, uma sensação boa agora, mesmo estando aqui.
Pela primeira vez, estou gostando dos meus pensamentos.

Vou mudar. Sim, mudarei.
Mas como citei esse mês e setembro.
Setembro e bonito, e um passo para a primavera.

Gosto de cores, flores.

Então é um ótimo mês para recomeçar.
Primeiro passo: Vou começar alaranjado a minha casa.
Segundo passo: Preciso respirar arte, teatro e musica.

Preciso urgentemente disso.

É o que eu realmente GOSTO e me FAZ BEM.

E o verde-bandeira e o amarelo-manga.
Vou deixar para a porralouquice.

Ah, porralouquice!
Porralouquice.

Quero aproveitar, cada beijo e calor do meu amado.
Pra sempre.
Como eternos namorados jovens.
Quero rir a cada instante.
E a cada vez por dia, rir de até doer à barriga.
Isso é bom, me lembro quando fazia isso todos os dias.
Falar de coisas, boas!
Quais boas novas eu vou contar, para meus queridos
Abraçar tudo se possível até o teto.
Beijar a face do meu pai todo dia!
Humm como é bom!
Ver minha mãe, mais vezes, que alegria ela me trás.
Estar perto de quem me quer bem, e que eu queira bem também.
Quando chover, quero agradecer a bênção, e acordar sorrindo.
Quando muito sol, também.
Dizem que viver é fácil, o mais difícil e saber como.
Acho que não deve ser tão difícil assim.

Um comentário:

Caio Gracco disse...

Ler este texto é como um passeio no mar, ao inicio, as ondas parecem todas irreconhecíveis.Durante a viagem, identifican-se as cores no mar. Ao fim chega-se novamente a beira da praia, e sente-se relaxado leve e potente como alguem que acaba de nascer.